7. A Noite em Que Fiquei Presa no Armário (Ou: Como os Humanos Não Sabem Contar Até 3)
- Lara Alves
- 29 de mai.
- 3 min de leitura
O Convite Irresistível (Ou: A Curiosidade Matou o Gato, Mas a Estupidez Humana Enterrou-o)
Tudo começou com um guincho.
O armário do corredor, normalmente fechado, estava entreaberto. Um convite. Um desafio. Um mistério a ser desvendado.
— O que escondes, ó móvel de madeira suspeito? — pensei, a avançar como uma detective em filme noir.
Cheirei o interior: cheiro a lã velha, naftalina e… sapatos de couro. Um cheiro tão fascinante quanto repugnante.
Entrei.
CRAC. A porta fechou-se.
Pânico no Escuro (Ou: Quando Percebi Que o Armário Era Uma Prisão de Alpaca)
Escuridão. Silêncio. E o som distante da Lara a rir-se de uma "piada" do Álvaro na TV.
— MIAU! — gritei, educadamente.
Nada.
— MIAU! — agora, com urgência.
Silêncio.
— MIIIIAAAAAAAAAAAAU! — o equivalente felino de um alarme de incêndio.
Os humanos? Nada.
Ah, então é assim que vamos jogar.

Plano de Fuga N.º 1: Força Bruta (Ou: Como Destruir um Casaco de Inverno em 30 Segundos)
Decidi escavar.
- Alvo 1: Um casaco de pele sintética. (Destruído em 2 minutos. Sabor a vitória: amargo.)
- Alvo 2: Uma caixa de sapatos. (Virei-a de pernas para o ar. Take that, sociedade.)
- Alvo 3: O próprio armário. (Arranhei a porta até ficar sem unhas. Dignidade: zero.)
Quando os humanos finalmente ouviram o barulho, a Lara disse:
— Álvaro, acho que há um rato no armário!
Rato? EU SOU UMA OBRA-PRIMA COM BIGODES.
Plano de Fuga N.º 2: Psicologia Reversa (Ou: Como Fingir-me de Morta Para Ganhar Simpatia)
Desisti. Deitei-me sobre os sapatos do Álvaro (cheios de schadenfreude) e fingi um coma dramático.
Quando abriram a porta, lá estava eu: pelo emaranhado, olhos semi-cerrados, a emitir um suspiro trágico.
— SALSICHA! — gritou a Lara, apanhando-me ao colo.
Abri um olho.
— Oh, não… ela está viva! — disse o Álvaro, aliviado.
Claro que estou, seu idiota. Agora dá-me comida.
A Recompensa (Ou: Como Transformar um Trauma em Snacks)
Os humanos, culpados, encheram-me a tigela de atum gourmet. Comi como uma rainha, enquanto eles discutiam:
— Temos de ter cuidado com as portas! — disse a Lara.
— Ela é que tem de parar de se meter onde não deve! — respondeu o Álvaro.
Ignorei-os. Saboreei cada garfada, a planear já a minha próxima aventura: o sótão.
A Moral Que Nunca Serei Humilde o Suficiente Para Admitir
Aprendi três coisas:
1. Armários são como humanos: escuros por dentro e cheios de coisas inúteis.
2. Miados são ignorados, mas o som de destruição é universal.
3. Humanos só reagem a dramas após danos materiais.
Quanto a mim? Continuarei a explorar. Porque um gato sem curiosidade é como um cão sem coleira: entediante.
Continua...

Próximo Capítulo: "O Segredo do Sótão (Ou: O Que Os Humanos Escondem Além das Teias de Aranha)"
Onde a Dona Rosa descobre caixas de "coisas do passado", encontra um rato de pelúcia (inimigo ou aliado?), e questiona por que raio os humanos guardam tantas meias sem par.
😼 Nota da Autora: A Dona Rosa nega qualquer relação com o "Incidente do Armário". Afirma que estava a "testar a resistência dos materiais". Os casacos destruídos são meros danos colaterais da ciência.



Eu adorei.