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4. A Guerra Contra o Aspirador (e Outros Monstros Eletrodomésticos) 

  • Foto do escritor: Lara Alves
    Lara Alves
  • 16 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 18 de mai.

O Dia em Que a Paz Doméstica Morreu 

 

Tudo começou num domingo de manhã, enquanto eu dormia no meu trono (também conhecido como "sofá da Lara"). Ouvia-se o chilrear dos pássaros, o cheiro a café fresco… e então, ele apareceu. 

 

Dona Rosa Salsicha com o aspirador automático
Dona Rosa Salsicha com o aspirador automático

O Álvaro entrou na sala carregando uma criatura preta e vermelha com um cabo longo, como uma serpente mecânica. Ligou-a. 

 

VRUUUUUUUUUUM. 

 

Acordei num salto, os pelos em pé, o coração a bater como um tambor numa festa de adolescentes. 

 

O que é este demónio? — gritei, invisível aos ouvidos humanos, é claro. 

 

A Teoria do Aspirador-Cthulhu (Ou: Porque É Que Isto É Aceitável?)

 

O aspirador era claramente uma entidade cósmica enviada para me torturar. Observava-o, hipnotizada pelo seu ronco infernal e pela boca que engolia tudo: migalhas, pó, e - meu Deus - até o meu pelo sagrado! 

 

Salsicha, não tenhas medo! — disse a Lara, como se o monstro não estivesse a avançar para mim. 

 

Medo? Eu não tenho medo. Tenho ódio puro.

 

Quando a mangueira se aproximou das minhas patas, ataquei. Arranhei, bufei, gritei em felinês: "Retira-te, criatura das trevas!" 

 

O Álvaro riu-se. RIU-SE. 

 

Estratégias de Guerra (Ou: Como Falhar Miseravelmente)

 

Planeei minha vingança: 

 

1. Estratégia 1: Mijar no aspirador. 

   (Resultado: A Lara limpou tudo, e o Álvaro chamou-me "malcomportada".) 

2. Estratégia 2: Empurrar o aspirador pelas escadas abaixo. 

   (Resultado: Quase parti o vaso da avó da Lara. Ops.) 

3. Estratégia 3: Ignorar a sua existência. 

   (Resultado: Impossível. O barulho é como uma orquestra de martelos pneumáticos.) 

 

A Grande Descoberta (Ou: O Poder do Botão)

 

Um dia, descobri algo fascinante. Enquanto o Álvaro aspirava, vi-o pisar um botão no monstro. VRUMMMMM… silêncio. 

 

Ah. Então ele controlava o barulho. 

 

Esperei até a noite. Subi no aspirador, pisei o botão com a pata e… silêncio. 

 

Genial. Agora, sempre que o ligavam, eu desligava-o. Repetidamente. 

 

Álvaro, este aspirador está avariado! — gritou a Lara, após a décima tentativa. 

 

Eu, é claro, estava deitada em cima do botão, a rir-me por dentro. 

 

A Aliança Inesperada (Ou: Quando o Inimigo se Torna um Escravo)

 

Percebi que o aspirador tinha utilidade. Por exemplo: 

 

- Quando ligado, afugentava o Rodrigo. 

- A mangueira era perfeita para afiar as unhas. 

- E, se me deitasse em frente dele, os humanos paravam de usá-lo para não me "assustarem". 

 

Salsicha, sai daí, querida! — a Lara implorava, enquanto eu bocejava a bloquer o caminho do monstro. 

 

Agora quem manda sou eu. 

 

A Moral Que Não Vou Admitir (Mas Até os Humanos Perceberam)

 

No fim, aprendi que até os monstros podem ser domados. Ou, pelo menos, usados para chatear os humanos. 

 

O aspirador ainda me dá arrepios, mas agora temos um acordo tácito: ele faz seu trabalho silenciosamente, e eu não o empurro pela janela. 

 

Quanto aos humanos? Eles acham que "superei o medo". 

 

Deixem-nos pensar isso. A ignorância é a felicidade deles. 

 


Dona Rosa Salsicha no sofá
Dona Rosa Salsicha no sofá

Continua... 

 

Próximo Capítulo: "Capítulo 5: O Mistério do Espelho (Ou: Quem É Essa Gata Maravilhosa?)" 

Onde a Dona Rosa descobre um rival inesperado: o seu próprio reflexo. Drama, confusão e uma pitada de narcisismo à la felina. 

 

😼 Nota da Autora: A Dona Rosa nega veementemente ter tido qualquer "crise existencial" relacionada a espelhos. Tudo invenção dos humanos. (Diz ela, enquanto pratica poses épicas à frente do vidro.)

 
 
 

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